sexta-feira, 16 de abril de 2010

UM BRADO DE GARANTIA



Segunda mensagem da série "Os Brados da Cruz". Preparada para ser pregada na Congregação Batista em Bosque do Ipê em 11/04/2010

"Hoje você estará comigo no paraíso." - Lucas 23.43
Todos nós achamos difícil conversar com quem está à beira da morte, especialmente sobre a morte iminente. As enfermeiras contam que amigos e parentes adotam um código de silêncio, evitando falar no assunto sobre o qual o amigo moribundo gostaria de conversar.

Se fôssemos o centurião responsável pela crucificação, teríamos posto os dois ladrões próximos um do outro e Jesus mais afastado. O soldado romano provavelmente não tinha a menor idéia do motivo pelo qual ajeitara as cruzes naquela posição, mas estava cumprindo uma antiga profecia: "Ele [...] foi contado entre os transgressores" (Is 53.12). Deus decretou que ele, que era o mais santo, deveria morrer entre os mais profanos. Jesus não apenas morreu entre criminosos, mas foi considerado um deles, e nisso está a essência do Evangelho.

Queria demonstrar a intensidade da vergonha que seu Filho estava disposto a suportar. Não permita que ninguém diga que Deus se manteve fora da ruína de nosso mundo decadente. Ele desceu para que pudéssemos subir com ele em novidade de vida.

Aqui, encontramos segurança para os que estão morrendo de câncer nas enfermarias de hospitais e também esperança para o forte e para o saudável, que poderão um dia encontrar a morte de forma repentina. Aqui há esperança para o pior e maior dos pecadores.

Que dia teve aquele ladrão! Pela manhã, ele estava sendo, com justiça, crucificado. Ao anoitecer, foi recebido no Paraíso por Jesus!

1.     SUA SITUAÇÃO

A ficha desse homem mostra que se tratava de um criminoso profissional, um ladrão "osso duro de roer" que, de início, se juntou aos inimigos de Jesus para ridicularizá-lo: "Igualmente o insultavam os ladrões que haviam sido crucificados com ele" (Mt 27.44).

Esse homem não tinha nenhuma expectativa. Era muito tarde para um novo começo, muito tarde para esperar que suas boas ações sobrepujassem as más. No entanto, a impossibilidade não é uma maldição, se nos atrair para o único que pode nos ajudar. Na verdade, se não estivermos indefesos, não temos como ser salvos.

Lá na cruz, esse homem — que Deus o abençoe! — teve o coração transformado.

2.     SUA NOTÁVEL FÉ

E muito provável que o ladrão não tivesse visto Jesus até aquele dia. Quando os três homens foram pregados na cruz, ele pensou que Jesus fosse apenas outro criminoso. Quando as cruzes foram erguidas e fincadas nos buracos, o ladrão não tinha motivo algum para acreditar que se encontrava na presença da Majestade. O Gólgota era o lugar onde morriam os criminosos. Não era lugar para encontrar a Divindade.

O que o fez mudar de idéia? Podemos supor que, em primeiro lugar, ele ouviu Jesus orar: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo" (Lc 23.34). A oração penetrou em sua consciência, e ele percebeu a estupidez e a cegueira do próprio coração. Reconheceu que também precisava de perdão.

O ladrão pensou: "O que eles querem dizer com 'salvou os outros'?". Conforme a multidão ia repassando suas palavras e seus milagres, o criminoso começou a ponderar sobre a zombaria que fizera e começou a perceber que podia estar justamente na presença do Salvador. Era habitual escrever o crime do crucificado em uma placa para que os passantes pudessem ver o motivo da execução. Pilatos escreveu: "Este é o Rei dos Judeus" (Lc 23.38). Alguns protestaram: "Não escrevas 'O Rei dos Judeus', mas sim que esse homem se dizia rei dos judeus" (Jo 19.21). Mas Pilatos, em um raro enlevo de coragem, não mudou de opinião, e a placa foi posta no lugar.

Já na cruz, o ladrão pode ter lido a frase ou, mais provavelmente, tê-la ouvido em meio à zombaria. De qualquer forma, agora acreditava que Jesus era o Rei, pois implorou: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino" (Lc 23.42; grifo do autor). Inacreditavelmente, Deus fez nascer a fé no coração daquele homem.

Pense nisso! Ele creu em um momento no qual Jesus estava aparentemente sem condições de salvar quem quer que fosse.

ILUSTRAÇÃO: Quando você precisa de salvação, não recorre a alguém na mesma situação. Quando você precisa de salvação, não recorre a alguém que esteja morrendo em desgraça. O bom senso nos diz que o Salvador deve estar acima do destino dos mortais.

E, apesar de tudo, o ladrão creu!Quando Jesus explicou aos seus discípulos que deveria ser crucificado, eles ficaram pasmados. E, naquele dia, até mesmo os que acreditavam nele tiveram dúvidas. Ao mesmo tempo em que o sangue escorria do corpo de Cristo, a fé escoava do coração de seus seguidores. Ainda assim, o ladrão creu!

O ladrão acreditou antes que as trevas caíssem sobre a terra, antes do terremoto e antes que o véu do Templo fosse rasgado em dois. Ele creu sem ter provas da ressurreição ou da ascensão de Jesus Cristo. Ele creu sem ver Jesus andar sobre as águas, alimentar multidões ou transformar água em vinho. Por mais improvável que fosse, ele creu.

Seu pedido foi modesto — "Lembra-te de mim" —, mas que honra seria ser lembrado por Deus.


3.     SEU MARAVILHOSO FUTURO

Jesus excedeu, e muito, as expectativas do ladrão arrependido. "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso" (Lc 23.43).

A maior bênção para o cristão encontra-se no fato de que Deus nos chamou "à comunhão com seu Filho Jesus Cristo" (ICo 1.9). Inacreditavelmente, o ladrão recebeu a mesma promessa que os discípulos! Ele estava tão seguro nos braços de Jesus quanto estaria se tivesse servido ao Senhor desde a juventude.

O ladrão esteve com ele na condenação e, algumas horas mais tarde, estava com ele na eternidade. Se o Cristo agonizante pôde dar ao ladrão a promessa de salvação eterna, pense no que o Cristo vivo pode fazer!

Ø  Ele não fez uma parada no Purgatório, a caminho do Paraíso.
Ø  Ele não era batizado.
Ø  Ele não recebeu os últimos ritos da Eucaristia.
Ø  Ele não pediu à Maria, que estava em pé diante da cruz, ajuda para se aproximar de Jesus.

Para dar mais ênfase à promessa, Jesus iniciou com a frase "Eu lhe garanto". Suspenso em aparente desamparo, Jesus ainda controlava os portões do Paraíso. Ele tinha o poder de fazer promessas e julgar o culpado. Jesus jamais desempenhou o seu papel de Rei de forma tão autêntica quanto naquele momento.

4.     SUA FÉ É TESTADA

Coloquemo-nos na situação do ladrão que agonizava. Ele ouvira a promessa dos lábios de Jesus, porém mais tarde, ao meio-dia, as trevas se espalharam por toda a terra. Ele ouve o Salvador, que acabara de encontrar, bradar: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" (Mt 27.46). Depois disso, ocorreu um terremoto, e as pedras se partiram ao meio. "Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as rochas se partiram" (Mt 27.51).

Talvez, no fim, seu Salvador não o pudesse salvar! Como poderia conduzir pecadores à presença do próprio Deus, se este o havia abandonado? Como podia falar com autoridade sobre o céu, quando, aparentemente, não conseguia controlar o caos sobre a terra?

Com ou sem dúvidas, a promessa de Jesus ainda era válida. Ainda que a fé do ladrão houvesse desaparecido naquelas três horríveis horas, seu destino estava assegurado. Jesus havia falado, e isso era tudo que importava. "Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele" (Jo 3.36).

As confusões de seu estado mental não invalidavam a promessa de Jesus, e é sua promessa que vale.

Deixe que o ladrão desanime; que tenha receio; que venha a pensar que aquele em quem havia depositado sua fé não tinha como cumprir a promessa — isso não importa. Deus havia falado. Naquele dia, ele estaria com Jesus no Paraíso. E, quando ele escutou a oração final de Jesus — "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46) —, sua fé foi indubitavelmente restaurada. O sofrimento agora era suportável, pois seu terrível dia logo teria um fim.

5.     LIÇÕES TRANSFORMADORAS

Lembremo-nos de que ambos os ladrões oraram, mas apenas um foi salvo. O outro ladrão disse: "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!" (Lc 23.39; arc). 

E se Jesus tivesse ouvido a oração dele e salvado a si mesmo e aos outros dois? Ele teria cancelado o plano de Deus e não poderia salvar ninguém mais. Jesus morreu para que o ladrão perdoado pudesse estar no Paraíso e para que você e eu possamos estar com ele no futuro.

Jesus foi contado com os transgressores, para que você e eu pudéssemos ser contados com os redimidos.
Embora fosse pessoalmente puro, foi considerado transgressor tanto por Deus quanto pelo homem. Ele sofreu o que não merecia, ou seja, o nosso pecado, e nós tivemos o que não merecíamos, ou seja, sua justiça. "Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2Co5.21).

Os ladrões tiveram a mesma oportunidade. Mesmo assim, ambos estarão separados para sempre, cada um com seu destino. Mesmo enquanto você lê estas palavras, um está na presença de Deus, e o outro, em um lugar de isolamento, tristeza e terror. O que os separou não foi a intensidade do mal que praticaram nem o distanciamento que tinham de Cristo. Eles estão separados porque um pediu ajuda a Cristo, enquanto o outro o ridicularizou.

Todas as raças, nações e culturas estão divididas pela cruz. De um lado, estão os que crêem, do outro, os que optam por se justificar, determinados a entrar na presença de Deus por conta própria. O céu e o inferno não são lugares distantes, estão próximos de nós. Tudo depende de como nos comportamos com Jesus.

Por fim, caro leitor, hoje é o dia para crer em Cristo. Conheço pessoas que acreditam que algum dia também crerão, mas logo antes de morrer. No entanto, poucos, muito poucos são salvos nas últimas horas ou dias de vida na terra. 

Existem duas grandes razões para não perdemos tempo em aceitar a Cristo como nosso Redentor pessoal. Primeira: não sabemos a hora em que morreremos. Nem todos recebem aviso. Nem todos morrem de doenças terminais ou permanecem conscientes depois de um acidente de carro. Milhões de pessoas morrem de forma repentina, sem ter ao menos um minuto para pensar sobre seu relacionamento com Deus. Segunda: a maioria dos que rejeitam o Evangelho quando estão saudáveis continuará rejeitando quando chegar a hora da morte. Conforme ficamos mais velhos, ou nosso coração é atraído mais para perto de Cristo ou é impelido a se afastar mais e mais dele. É impossível permanecer neutro. O ladrão que não se arrependeu comprova essa teoria. Veja-o lá na cruz, sofrendo indizível agonia. Ele sabe que está a ponto de morrer. Seu amigo o ajudara a ter consciência de seus grandes pecados. E, ainda assim, por incrível que pareça, ele zomba de Jesus em seu último suspiro!

"Como escaparemos, se negligenciarmos tão grande salvação?" (Hb 2.3). 

Obviamente, não há escape. Já o ladrão arrependido nos dá a esperança que todos buscamos. Ele é a prova de que um ato de fé pode salvar até mesmo o pior dos pecadores. Na verdade, a questão não está no tamanho de nosso pecado, mas em nossa disposição para crer, a qual determina nosso destino.

José Ricardo Matos
Seu pastor e amigo!

Adaptado do Livro:
Os Brados Da Cruz - Erwin Lutzer (Editora Vida)

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